segunda-feira, janeiro 30, 2006

Infindo recomeço

Renovação. Mecanismo pelo qual garante-se o melhoramento da espécie, evolução dessa que, segundo Darwin, é proporcionada por uma seleção natural baseada em aptidões que garantam a sobrevivência e que, muitas vezes, advêm de mutações aleatórias.
A gestação exemplifica perfeitamente o ideal renovador pois trata-se do nascimento de uma nova vida a partir de transformações e especializações sofridas por um conjunto celular uniforme.
Por muitos séculos busca-se resposta para a pergunta que atormenta a todos: de onde viemos? Esquece-se contudo que o mais importante não é a origem e sim a finalidade deste dom, a vida.
Vida que se traduz em aprendizado e que, portanto, necessita de fontes de sabedoria que são, certamente, encontradas nos ancestrais. Lembranças e experiências vividas compõem tal "bagagem", a qual nos é transmitida a fim de facilitar nossa estada ( ou passagem) por este mundo.
Assim, devemos nos espelhar na cultura oriental que valoriza os "mestres da vida", pois sabe que advêm deles não as respostas, mas sim as perguntas certas que nos levarão a progredir e recomeçar tal ciclo de renovação.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Fim da nostalgia

O tempo. "Fenômeno" natural que desperta em mim grande curiosidade e dúvidas, assim "aquele que tudo sabe" deveria ter uma definição que, pelo menos, consolasse meu espírito idealista; dentre os verbetes, um me chamou a atenção.
"Momento ou ocasião apropriada para que uma coisa se realize". Ao lê-lo meu cérebro alucinadamente buscou por mais informações, e a conclusão final foi de que o "pai da teoria relativista" estava certo, tudo é relativo, inclusive o tempo.
Seguindo esta linha de raciocínio e apelando para o inigualável Sr. Sigmund, percebi que mais que a razão, a emoção determina o lento trotar dos minutos ou o galopar das horas, porém a modernidade e os avanços da tecnologia potencializam o escorrimento dos segundos.
Num mundo onde "o bater de asas de uma borboleta no Japão provoca um terremoto nas Américas", encontro-me perdida pois, devido a esse aniquilamento do tempo pela velocidade, possuo mais "trabalhos" a realizar do que tempo para tal.
Se não há o momento, então como esperar que a "coisa" se realize?
A efemeridade furtou-nos valores e lembranças, pois aqueles nascidos sobre o manto da globalização não terão o prazer que, ainda tive, de contemplar demoradamente o desabrochar das flores ou a impressionante metamorfose dos sapos.
Infelizmente o processo é irreversível, assim se instaura a pergunta: quais serão as recordações que nossos filhos e netos possuirão?


Texto de 22/08/2005

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Viver não é tão simples

Confabulando com os meus botões, acreditem são uma companhia e tanto, comecei a pesar minha vida, 1 ton e meia, fora a brincadeira; é instigador pensar em tudo que poderia ter sido e não foi, nos telefonemas adiados, nas conversas interrompidas, nos gestos estatizados...
É impossível pensar que tudo são coincidências. O Destino, ou fado como queiram, parece-me uma força imperceptível que rege, mesmo que indiretamente, nossos passos, pensamentos e relacionamentos, pois se o excluírmos de nossas vidas, o que nos resta?
Como é possível a presença em nossas vidas de pessoas que parecem ser feitas sob encomenda para nos complementar? Ou de momentos tão especiais que parecem pura mágica e que ficam, eternamente, gravados neste misterioso órgão racional-sensorial que é o cérebro? E por que sentir? Podíamos ser animais como todos os outros que sentem apenas aversão ou afinidade, mas não, possuímos uma enorme gama de sentimentos, alguns indecifráveis, que nos fazem sofrer e remoer acontecimentos que poderiam ter passado em branco, mas que por um detalhe, ínfimo as vezes, marcaram-nos.
Não quero promover crises com este texto, porém gostaria de promover sim reflexões; viver não é apenas existir, há algo mais por detrás de tudo isso, afinal, um milagre tão perfeito não pode ter, apenas como alguns acreditam, um sentido de divertimento ou punição imposta por aquele que denominam "O Criador".
Chego à seguinte conclusão de que fomos "criados" a fim de estabelecer relações, com o intuito de uma evolução, não física nem tecnológica tampouco, mas espiritual, íntima. Pois constantemente nos deparamos com situações em que temos que optar por um caminho que varia entre o egoísmo e o vínculo total com o outro, com a vida em sociedade. Acredito que no momento em que conseguirmos contentarnos por completo praticando "atos sociais", ou seja, no momento em que os homens realmente praticarem o amor ao próximo, estaremos a um passo do que os budistas chama de "iluminação".
Espero realmete que este momento venha, antes que a Humanidade destrua-se.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Bendito sinal

Sinto uma dor. Esta, aguda, não encontra nos livros médicos explicação condizente. Mas, se houver uma especulação um pouco mais detalhada, sua origem pode ser desvendada. Assim o fiz.
Descobri então que o motivo da dor era evidente, a saudade.
Sua falta provoca em mim uma série de reações, primeiro é apenas a saudade, mas vai se intensificando, após isso vem uma dorzinha no peito, não é ruim, pelo contrário, é o amor querendo se desvencilhar dessa barreira a ele imposta, que é o meu corpo; ele necessita exteriorizar-se e encontrá-lo, é ágape.
Tal como uma avalanche, as lágrimas me vêm aos olhos, tranluzindo-os.
Nesse momento, sinto um medo imenso, não medo da perda, mas o medo da mágoa, de ferí-lo. Amo-o tanto que a simples hipótese de machucá-lo me extremece. Sigo então, relutante e apreensiva, pedindo a Deus que o proteja de todo o mau, que eu, ou os outros possam lhe causar e, acima de tudo, agradecendo pelo presente mais precioso, você.

Infelizmente há

Segundo pesquisas bioantropológicas, o conceito de raça não pode ser aplicado à espécie humana, porém a vertente nazi-fascista afirma ter encontrado uma "raça superior", o povo ariano. Frente a esta contradição levanta-se a dúvida: somos realmente iguais?
Ideologicamente prega-se a igualdade entre os homens, tanto em conceitos religiosos quanto em preceitos legais, como na Declaração dos Direitos Humanos. Contudo há um grande paradoxo entre o mundo real e o ideal.
O que se vê diariamente são tribos humanas diferenciadas e segregadas por fatores financeiros, educacionais e até regionais. Não há um parâmetro comum entre elas, mas sim, uma desigualdade que se aprofunda gradativamente.
Assim, analisando dados como a concentração de renda, onde 10% da população detém 80% das riquezas, perguntamo-nos se um dia os ideais iluministas farão parte de nossa realidade.
Por fim, concluímos que existem seres humanos superiores a outros, não por serem mais evoluídos ou adaptados, mas sim por pertencerem a uma minoria privilegiada que goza plenamente de direitos que, em tese, são de todos.

Texto de 08/08/2005

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Nas mãos de Deus ou da Globo?

Foi-se o tempo em que as telenovelas, também denominadas folhetins eletrônicos, atraiam apenas mulheres que, devido à maior sensibilidade, emocionavam-se ao acompanharem a luta do pobre casal de amantes, por 300 capítulos no mínimo, contra o mundo e a favor do amor puro.
Atualmente, elas vêm abrangendo em seu repertório discussões políticas, comportamentais e até científicas, porém sem distanciarem-se de sua fórmula mágica: casal apaixonado- obstáculos- vilão- vitória- casamento- filhos- "felizes para sempre". Ou você leitor, que discorda, conhece uma novela em que não haja uma "chuva" de bebês nos últimos capítulos?
Tal conciliação entre entretenimento e conhecimento atrai a atenção do telespectador, fazendo com que ele interaja com o texto que lhe é apresentado e , de forma espontânea e muitas vezes inconsciente, incorpore ao seu dia-a-dia valores, informações e até trejeitos dantes desconhecidos.
Assim, não se deve repudiar tal representação dramatúrgica generalizando sua ineficiência e superficialidade, pois existem sim exemplares que merecem uma visão mais complacente, pois baseiam-se em textos históricos ou na adaptação de clássicos literários, o que torna o conhecimento mais acessível a todas as camadas sociais.
Portanto, mesmo os mais críticos acadêmicos devem concordar que o poder de mudança atribuído às telenovelas deve ser considerado atuante na formação social e que, indiscutivelmente, os moldes do caráter deste povo espectador estão em posse daqueles que as produzem.


Texto de 03/10/2005.

Inspirado por você, Rodolfo.