quinta-feira, janeiro 05, 2006

Nas mãos de Deus ou da Globo?

Foi-se o tempo em que as telenovelas, também denominadas folhetins eletrônicos, atraiam apenas mulheres que, devido à maior sensibilidade, emocionavam-se ao acompanharem a luta do pobre casal de amantes, por 300 capítulos no mínimo, contra o mundo e a favor do amor puro.
Atualmente, elas vêm abrangendo em seu repertório discussões políticas, comportamentais e até científicas, porém sem distanciarem-se de sua fórmula mágica: casal apaixonado- obstáculos- vilão- vitória- casamento- filhos- "felizes para sempre". Ou você leitor, que discorda, conhece uma novela em que não haja uma "chuva" de bebês nos últimos capítulos?
Tal conciliação entre entretenimento e conhecimento atrai a atenção do telespectador, fazendo com que ele interaja com o texto que lhe é apresentado e , de forma espontânea e muitas vezes inconsciente, incorpore ao seu dia-a-dia valores, informações e até trejeitos dantes desconhecidos.
Assim, não se deve repudiar tal representação dramatúrgica generalizando sua ineficiência e superficialidade, pois existem sim exemplares que merecem uma visão mais complacente, pois baseiam-se em textos históricos ou na adaptação de clássicos literários, o que torna o conhecimento mais acessível a todas as camadas sociais.
Portanto, mesmo os mais críticos acadêmicos devem concordar que o poder de mudança atribuído às telenovelas deve ser considerado atuante na formação social e que, indiscutivelmente, os moldes do caráter deste povo espectador estão em posse daqueles que as produzem.


Texto de 03/10/2005.

Inspirado por você, Rodolfo.

1 Comments:

Blogger Rodolfo said...

Bá, fico lisonjeado, pois você, antes mesmo de ingressar em uma faculdade de comunicação já fez um breve comentário sobre a presença de signos e clichês nas telenovelas — estruturas que servem como um chamariz para o público, de maneira aproximá-lo emocionalmente e inconscientemente daquilo que é transmitido.

11:52 AM  

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