segunda-feira, março 05, 2007

E se o meu coração parasse?

Se o meu coração parasse, não sei se haveria dor.
Dor. Como manifestação de algo que está mal, dor física.
Mas haveria, com certeza um cessar de dor. Dor emocional, sentimental, daquelas que parece corroer, rasgar, perfurar...
Uma dor sem precedentes, mas que cresce, exponencialmente, provocando as reações mais adversas, da raiva, do medo, às lágrimas que não cessam, mesmo quando a felicidade é evidente.
Dor paradoxal. Que faz com que se deseje o fim, quando o que se propõe é um recomeço.
Essa mal-bendita dor, que mostra que há sentimento, mas que há insegurança, que há rancor, que há mágoa.
Assim, se meu coração parasse, não sei ao certo o que sentiriam, se alívio ou sensação de perda, aqueles que comigo convivem.
Só sei, que como Sócrates, nada sei ao certo.
Mas que, se meu coração parasse, pelo menos levaria com ele a dor que lacera meu peito...

quinta-feira, março 01, 2007

Fazendo as malas

É tempo de fazer as malas.
São tantas coisas a levar, coisas que não se pode esquecer, coisas que se deve lembrar...
Ao montar uma mala, mala de viagem, com roupas e sapatos, é impossível não levar na bagagem outras coisas; coisas abstratas, sentimentos que se quer compartilhar, que se quer enviar, que se quer entregar.
O ritual de se "confeccionar" uma bagagem, é muito mais complexo e simples, ao mesmo tempo. Complexo pois envolve muito mais do que objetos a serem transportados, cada elemento de uma mala tem um significado e carrega consigo um sentimento ou uma lembrança. E é simples, pois o fazemos de forma espontânea, e prazerosa.
Ir e vir é uma vontade e uma necessidade.
O percurso, muitas vezes, não é importante; o destino é o que importa.
A maneira como se viaja é apenas uma meio, um canal, que leva o desejo ao desejado, o amor ao amado, a saudade ao objeto ou ser saudoso...
"Viajar é preciso..."
E é impossível fazê-lo sem uma bagagem; sentimental, emocional...
Deixamos um pouco de nós, e de onde viemos, e trazemos conosco novas experiências, amizades ou mesmo objetos que nos façam recordar pessoas queridas ou lugares maravilhosos.
Então, façamos, mais uma vez e sempre, as malas?