Amigo Cronos

O tempo. Um dogma de nossos tempos, e dos anteriores a eles, e dos posteriores.
Alguns chegam a dizer que ele e a morte são as únicas certezas da vida...será?
Muitos tentam ludibriá-lo, mas ele, calma e pacificamente, os mostra que sempre estará presente, e que seu transcorrer de nada depende da nossa vontade. Que prepotentes somos!
A ele atribuímos muitos de nossos erros, o famoso "não deu tempo", é desculpa recorrente, quase banal. Mas, ultimamente, chego a conclusão de que o tempo é realmente relativo. Se pararmos para pensar, ele se esvai na mesma velocidade que o fazia na nossa infância, porém, na época, o dia parecia jupteriano. Já hoje, com atribulações e responsabilidades, nos queixamos de que ele "escorre" por nossos dedos.
Cronos é como um bom vinho, deve ser apreciado em toda a sua plenitude e não apenas de um súbito se embriagar e assim começar a se lamentar....e se...como seria...
É preciso coragem para assumir suas marcas, marcas estas deixadas nos corpos e nas almas, cada ruga, cada sinal, cada lembrança, faz parte da história...da minha ou da sua...
Renegar o tempo, procurando fontes de imortalidade e beleza eterna é uma bobagem!
Melhor viver pouco e saborear a vida, do que imortalizaer-se numa existência sem prazeres, sem afetos verdadeiros, com cuidados excessivos...
Assim, meu tempo passa, minha vida se escreve, e nela surgem maravilhas e catástrofes. Pessoas vem, se vão ou ficam para sempre...Momentos se eternizam na mémoria, sentimentos são vividos e revividos, e a vida segue seu caprichoso curso.
Participar da festa vale mais do que assistí-la ao longe.
Sofrer de amor é melhor do que ser feliz na utopia, na ilusão.
E o tempo, Ah! o tempo!, deve ser considerado amigo, aliado, aquele que permite que amadureçamos, vivendo intensamente, escrevendo um roteiro só nosso, onde o final, incerto e curioso, só se descobre ao "fim do tempo".