sexta-feira, maio 27, 2005

Conflitos heterominais

"Chamo-me Legião"
Lúcifer
Assusto-me certas vezes ao me deparar com alguém que faz com que minhas verdades pré-estabelecidas caiam por terra.
Esta ou estas pessoas reprimem-se mutuamente, querendo sobressair-se umas as outras, degladiando-se num campo de batalha pouco provável.
Expondo razões de ser e pensar que nunca imaginei existirem com tanta intensidade e bases fortes; tento compreendê-las, assumí-las mas isto é uma tarefa um tanto árdua...
São feminstas liberais contra românticas ideias, psicopatas socias contra socialistas convictas, executivas autoconfiantes contra adolescentes inseguras...
Inevitavelmente uma crise existencial se instala, onde já não se conhece os motivos e muito menos os fins; fito-me atônita a um canto silencioso e frio, o oposto total ao aconchego do ventre materno, nele perde-se a noção de tempo e espaço.
Pensamentos conflitantes, emoções contraditórias, atitudes inconstantes...
Não há como fugir.
Por fim a lágrima. Sinal de que a batalha se encaminha para um fim. Ergue-se o corpo inerte em meio ao fogo cruzado e finalmente a razão prevalece; calam-se as vozes estridentes a contemplar a resolução final de um negociador sábio.
Este calma e serenamente expõe dogmas incontestáveis, o que faz com que, mesmo que momentaneamente, chegue-se a um acordo de sobrevivência. Reprimem-se algumas, assume-se outras e assim vai se restabelecendo a pessoa.
Sigo assim por tempo indetermindo, até que finalmente um de meus heterônimos reprimidos aflore; recomeçando todo este intenso turbilhão psicológico novamente.